Belo Horizonte tem 366 médicos, enfermeiros e profissionais de saúde afastados


Há 350 profissionais afastados, aguardando resultados de testes, e 16 confirmados com a COVID-19. Taxa é inferior a São Paulo

Pelo menos 366 médicos, enfermeiros e trabalhadores da linha de frente do combate à COVID-19 em Belo Horizonte estão afastados dos atendimentos em unidades de saúde públicas e particulares por terem testado positivo para o novo coronavírus ou apresentarem sintomas da infecção.

Os dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) são referentes ao período de 21 de março ao dia 13 deste mês e mostram que o universo em BH é bem menor do que em outros centros urbanos brasileiros como São Paulo, onde esse total chega a 3.055 profissionais (88% a mais), segundo divulgaram hospitais e o Conselho Regional de Enfermágem de São Paulo (Coren-SP). O uso sistemático de equipamentos de proteção pode ter sido o motivo dessa preservação maior dos funcionários da saúde de BH.

A quantidade de casos positivos identificados até o momento é de 16 profissionais da linha frontal de atendimento à infecção, enquanto 350 aguardam os resultados de seus exames. Já 663 chegaram a apresentar síndrome gripal com os mesmos sintomas da COVID-19, como febre, tosse, cansaço e dificuldade respiratória, mas foram descartados, somando um total de 1.044 trabalhadores que ficaram afastados em algum momento.

Isso porque o procedimento para esses profissionais é o afastamento imediato e a realização prioritária de exames para que não haja desfalque nas equipes de saúde nem propague a doença, caso esteja infectado. Em São Paulo, o número de confirmações confirmadas chega a 106.

Só na Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), os afastamentos correspondem a 71 profissionais, sendo que três foram confirmados por exame como infectados pelo novo coronavírus. “Todos esses servidores estão afastados de suas funções, e a localização da infecção dos casos suspeitos e confirmados não foi identificada. O quantitativo total de servidores ligados diretamente à assistência é de 10.400”, segundo a Fhemig. No Hospital Eduardo de Menezes, que é referência em BH para atender casos da COVID-19, nenhum servidor foi ainda afastado.

Mas essa estatística tende a aumentar, uma vez que centros de saúde que fizeram exames em outras redes precisam confirmar exames na Fundação Ezequiel Dias (Funed) e a SMSA para entrar na estatística, como o Hospital Risoleta Tolentino Neves, administrado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que informou ter 50 testes positivos com amostras feitas pela CT Vacinas/UFMG.

Segundo o hospital, essa parceria “foi firmada (em 23 de março) para identificar
e agilizar o tratamento de possíveis infectados e, desde então, esse laboratório vinha testando e enviando os resultados das amostras do Risoleta, tanto de pacientes quanto de trabalhadores”. Ainda segundo a instituição, para confirmação de infectados é necessária a realização de novos testes, o que está sendo discutido com a SMSA e com o CT Vacinas.

De acordo com a SMSA, os profissionais de saúde que trabalham em Belo Horizonte, atuando na assistência direta (clínica assistencial) aos usuários e que apresentem sintomas de COVID-19 “são notificados e orientados para a coleta de exame por meio de swab (cotonete estéril que serve para coleta de exames microbiológicos com a finalidade de estudos clínicos ou pesquisa nas vias aéreas) para realização do RT PCR (exame de diagnóstico).

"O objetivo é garantir o exame para os profissionais sintomáticos e o retorno deles para a linha de frente assistencial em tempo oportuno, com segurança para o profissional e pacientes”. A SMSA informou ter implantado espaço específico para realização de coleta para diagnóstico da COVID-19 para esses profissionais.

Proteção individual – Um dos motivos para que os profissionais da linha de frente tenham sido menos infectados que em outros centros, como São Paulo, pode ter sido uma oferta mais adequada de equipamentos de proteção individual (EPIs), afirma a Central dos Hospitais de Minas Gerais, que funciona como associação e sindicato das unidades hospitalares no estado.

“Essa situação chegou a ser crítica, mas conseguimos encontrar soluções dentro do mercado nacional, sem precisar importar tudo da China, como era feito antes. Está começando a melhorar. Está acabando a bandidagem que estava de gente vendendo caríssimo e aplicando golpes. Estão aparecendo fornecedores mais sérios”, avalia o presidente da Central, Reginaldo Teófanes, que também e diretor do Hospital Santa Rita.

De acordo com a Central dos Hospitais de Minas Gerais, dos 12 itens de EPI bsucados na China, apenas as máscaras N-95 não estavam mais sendo encontradas por fornecedores brasileiros, mas na próxima arremessa isso já vai mudar.

Para se ter uma ideia, as máscaras cirúrgicas custavam R$ 0,14 a unidade, chegaram a R$ 7 e agora estão sendo comercializadas por preços que variam de R$ 2,05 a 2,90. Um vasilhame de 500 mililitros de álcool em gel chegou a custar R$ 25 no auge da procura com o início da pandemia. Atualmente, já se encontra o frasco por R$ 8, sendo que não passava de R$ 4,50 antes do novo coronavírus. Os aventais, que eram vendidos por R$ 2 a R$ 3, foram ao pico de R$ 16 com o alastramento da doença pelo mundo e agora podem ser adquiridos por preços de R$ 5 a R$ 7.

Para o presidente da Central do Hospitais, o número de profissionais pedindo afastamento devido aos sintomas que podem indicar infecção pelo novo coronavírus aumentou como forma de preservação dos pacientes e trabalhadores, mas não chega a ter um impacto muito significativo devido ao lockdown.

“Há mais atestados do que o usual, mas não está afetando, porque a ocupação está muito baixa. De um modo geral, 45% abaixo da capacidade na maioria dos hospitais, já que não se realizam mais as cirurgias eletivas e os pacientes ficaram com medo de ir até os hospitais”, disse Teófanes.



Fonte: Jornal Estado de Minas

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